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Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 23 de outubro de 2025

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Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 23 de outubro de 2025 Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE --- O 23° dia de outubro de 2025 acordou com cheiro de caneta no ar — não a que escreve poesias, mas a que promete apagar gorduras com tinta milagrosa. Aracaju virou palco de um novo tipo de literatura corporal: o capítulo da “Caneta Mágica do Emagrecimento”, escrita à mão leve e risco pesado. A Vigilância Sanitária bem que tentou avisar: “Cuidado, o sonho de emagrecer pode vir com efeito colateral de arrependimento!”. Mas o povo, ávido por atalhos, continua buscando o paraíso em forma de seringa, esquecendo que saúde não se compra — se cultiva, como planta que só floresce com paciência e suor. Nas ruas, os anúncios piscam: “Perca peso e ganhe ilusões em até 12 prestações!”. E lá vai o brasileiro, magro de esperança e gordo de fé, acreditando que a solução vem em tubos coloridos com promessas de TikTok. Enquanto isso, a consciência coletiva emagrece t...

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 22 de outubro de 2025

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Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 22 de outubro de 2025 Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE --- O dia 22 de outubro amanheceu com o coração pesado — desses que batem em tom menor, como se o mundo inteiro tivesse acordado de ressaca ética. O noticiário, esse poeta trágico de tragédias diárias, trouxe dois versos dissonantes: um sobre adolescentes perdendo tempo de juventude, outro sobre adultos brincando com o fim do mundo. No Brasil, o Senado — esse teatro onde discursos vestem ternos e verdades andam de chinelo — decidiu aumentar o tempo de internação de adolescentes infratores. Cinco anos, talvez dez. A infância virou réu, e o castigo ganhou prorrogação. É como se o país dissesse aos seus jovens: “não te darei escola, mas te darei cela ampliada, com vista para o esquecimento”. As cadeias aplaudem. As grades, vaidosas, brilham de tanto sol refletido na promessa de novos hóspedes. A ironia é que se fala em ressocializar o que nunca foi socia...

Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 21 de outubro de 2025

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Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 21 de outubro de 2025 Por Antônio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE --- O dia 21 de outubro amanheceu tropeçando em si mesmo. O sol levantou com cara de quem ainda estava de ressaca do fim de semana e, lá na Barra dos Coqueiros, quem resolveu ir à farmácia não foi o balconista, nem o cliente — foi um cavalo. Sim, um legítimo corcel da vida real, desses que não pedem senha nem CPF na nota. Entrou como quem busca um remédio para o tédio da humanidade. Talvez procurasse um antiestresse equino ou um xarope contra o desrespeito humano aos animais. As câmeras registraram o momento exato em que o animal virou manchete: o cavalo que invadiu a farmácia — uma metáfora viva do Brasil contemporâneo. Num país onde políticos galopam sobre a lógica, um cavalo na farmácia já não é surpresa, é sintoma. Ele, ao menos, entrou de cabeça erguida, sem máscaras, sem fake news no casco e sem querer derrubar a democracia com relinchos virtuai...

Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 20 de outubro de 2025

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Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 20 de outubro de 2025 Por Antônio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE --- O dia 20 de outubro acordou com cara de segunda-feira vestida de ironia. Aracaju, sempre com seu coração pulsando entre o comércio e o caos, viu os comerciantes trocarem o troco pela revolta. O Centro virou um palco de vozes em descompasso, cada grito uma nota desafinada da sinfonia social. As faixas tremulavam como lençóis de um Brasil cansado de insônia — país que sonha em preto e branco enquanto acorda em cinza. As lojas, outrora vitrines de esperança parcelada, agora exibiam cartazes de desespero à vista. O protesto não era contra o cliente, mas contra o descuido de quem prometeu prosperidade e entregou carnê atrasado. Aracaju ecoava como um tambor: o som não vinha do couro, mas das feridas. E enquanto o povo gritava nas ruas, os hospitais silenciavam. As doações de leite caíram, e o choro dos bebês nas UTIs neonatais parecia um pedido de soco...

Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 19 de outubro de 2025

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Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 19 de outubro de 2025 Por Antônio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE --- O domingo amanheceu dividido entre o ouro e o sal. Em Marrocos, o sol vestiu turbante e dançou com o vento do deserto: a seleção sub-20 fez da bola um poema e escreveu, com dois gols de Yassir Zabiri, o verso que a Argentina não conseguiu rimar. Foi o tango perdendo o compasso para o batuque africano — um troféu inédito erguido como miragem que virou oásis. As areias do Saara viraram confete, e o tempo, ali, pareceu curvar-se diante de um novo faraó do futebol. Enquanto os meninos do Marrocos beijavam o céu, o mar da Barra dos Coqueiros engolia o riso de um jovem de 19 anos. A praia do Jatobá, testemunha muda, transformou-se em altar de silêncio e espuma. O vento, cúmplice das ondas, carregava o grito engasgado de quem viu e não pôde salvar. A água — essa senhora de vestido azul que tanto encanta — mostrou mais uma vez seu temperamento: ora mãe qu...

Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 18 de outubro de 2025

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Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 18 de outubro de 2025 Por Antônio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE --- O sábado dia 18 de outubro desfilou com cara de fio desencapado. Em Aracaju, o ladrão de cabos elétricos decidiu brincar de Deus e apagou a luz de uma unidade de saúde, interrompendo o Dia D da vacinação. O crime não foi só contra o cobre, mas contra a esperança. As seringas, coitadas, ficaram em silêncio, como guerreiros prontos para a batalha que não aconteceu. As vacinas dormiram no escuro, e o gerador da consciência pública mais uma vez pifou. O furto virou metáfora: o Brasil vive um curto-circuito moral — e ninguém acha o disjuntor. Enquanto o SUS ficava no breu, a sorte iluminava dois paranaenses que, com 5 números acertados faturaram quase cinquenta mil reais na quina da Mega-Sena. O destino tem senso de humor cruel — enquanto uns perdem fios, outros puxam os cabos da fortuna. Um jogou na lotérica do Chico, em Telêmaco Borba; o outro clicou...

Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 17 de outubro de 2025

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Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 17 de outubro de 2025 Por Antônio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE --- O dia amanheceu com o sol calçando chuteiras. Sexta-feira, 17 de outubro, no campo de Futebol Tosão em Japaratuba a Escola Municipal Professor Emiliano Nunes de Moura fez uma arena de sonhos, suor e risadas no último dia dos jogos interclasse. A bola, essa filósofa redonda, ensinava lições que nenhum livro ousa escrever: que a vida é feita de passes, dribles e quedas, mas o importante é continuar jogando. No gramado, cada chute tinha a força de uma esperança e cada gol, o grito engasgado de uma juventude que acredita no amanhã, mesmo quando o placar da realidade insiste em marcar zero a zero. Enquanto isso, do outro lado do estado — e da vida — a ex-primeira-dama Ana Luíza Dortas Valadares despedia-se do palco terreno. Partiu silenciosa, como quem entende que a cortina precisa cair para que o aplauso da eternidade comece. A morte, essa artista q...