Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 05 de dezembro de 2025
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 05 de dezembro de 2025
Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE
O dia 05 de dezembro caminhou petulante jogando metáforas no céu, como quem espalha confete antes do desfile — só que o desfile era de problemas, promessas e suspiros ambientais.
A UFS, coitada, apareceu na manchete como uma velha guerreira remendada, tentando costurar o próprio fôlego enquanto o governo federal puxa a linha do orçamento como quem corta pano sem medir. Dez anos de cortes… dez anos de dieta forçada, enquanto as emendas parlamentares da bancada sergipana passam reto, fingindo que não vêem a universidade abanando os braços. Ainda assim, diz o reitor, os projetos não param. É a esperança universitária: uma fênix teimosa que insiste em nascer até das cinzas contábeis.
Lá na Praia do Saco, a maré resolveu ensinar moral. O governo e o MPF assinaram um acordo para botar ordem na casa — ou melhor, na faixa costeira, essa senhora elegante que vive sendo invadida sem pedir licença. A praia suspirou aliviada: finalmente alguém percebeu que ecossistema não é quintal de veranista, é templo.
E em Japaratuba… ah, Japaratuba!
A cidade virou palco de futuro: o lançamento da pedra fundamental do IFS fez o chão tremer de alegria. Era como plantar um diamante de tijolos e conhecimento no coração da cidade. Até o vento se envaideceu, soprando orgulhoso pelos becos.
Enquanto isso, na grandiosa Amazônia, veio o MapBiomas trazendo números que parecem poesia pesada: 37,5 gigatoneladas de carbono descansando sob nossos pés. Um cofre subterrâneo que segura o planeta pelos ombros enquanto a humanidade finge que não notou o calor aumentando na sala.
E o mundo perdeu um poeta das paredes: Frank Gehry, o arquiteto que dobrava metal como quem dobra sonhos. Suas obras, tortas como nossas esperanças, onduladas como nossas dúvidas, desafiavam até a gravidade a se explicar. Gehry partiu, deixando edifícios que parecem ter sido pegos no flagra durante uma dança proibida.
Para completar o mosaico deste dia maluco, a FIFA decidiu brincar de geografia criativa: colocou o Brasil no grupo com Marrocos, Haiti e Escócia. Ancelotti deve ter olhado o mapa e pensado: “Ok, vamos dançar esse samba mundial.” Os brasileiros, claro, já começaram a calcular probabilidades como quem faz promessa para santo em final de campeonato.
Assim terminou o dia 05: com universidades famintas, praias pedindo respeito, arquitetos virando constelação, o carbono escondido feito tesouro e o Brasil preparando as chuteiras para enfrentar o mundo.
Porque a vida é esse eterno jogo de Copa: ora goleada, ora sufoco — mas sempre poesia sob as traves.