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Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 06 de novembro de 2025

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Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 06 de novembro de 2025 Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE --- Cara leitor (a), comece a leitura da crônica do 6° dia de novembro com um show de notícias para você. O dia 06 de novembro amanheceu com cara de asfalto quente e alma de engarrafamento. O sol, preguiçoso, parecia ter estacionado em fila dupla sobre a capital, enquanto os motoristas buzinavam como se quisessem acordar Deus para resolver o trânsito. A SMTT anunciou obras na Zona Sul — promessa de reestruturação asfáltica, mas o povo já sabe: quando o poder público fala em “sete a dez dias”, é melhor preparar a marmita e o rosário, porque o inferno do trânsito costuma ter prazo indeterminado. As ruas, essas artérias entupidas de paciência humana, gemiam sob o peso dos carros, das motos, dos sonhos atrasados. O asfalto, coitado, virou palco de drama existencial — rachado, cansado e testemunha dos passos de um país que parece sempre em obr...

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 05 de novembro de 2025

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Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 05 de novembro de 2025 Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE --- O sol de 05 de novembro acordou com olheiras, como quem passou a madrugada discutindo com a lua sobre o preço do açúcar, da gasolina e da paciência nacional. A manhã surgiu arfando, tropeçando nas manchetes como cachorro procurando o último osso da esperança enterrado no quintal do país. As notícias pularam na minha porta como vendedores de planos de internet: oferecendo caos em alta velocidade e fibra ótica de indignação. Logo cedo, na SE-090, dois caminhões resolveram brincar de amor bandido: se encontraram de frente, sem flores, sem serenata, sem poesia — apenas lata, susto e um destino amassado como caderno de aluno que não fez a tarefa. Um terceiro caminhão, estacionado no acostamento, servia de testemunha muda — uma espécie de cupido desastrado que arma o encontro e foge da cena. A pista, que deveria ser estrada, virou metáfora ...

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre o “Clube da Esquina” — o disco que ensinou o Brasil a sonhar em tom menor

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Crônica do Professor Antonio Glauber sobre o “Clube da Esquina” — o disco que ensinou o Brasil a sonhar em tom menor Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE --- Era 1972, e o Brasil ainda caminhava tonto entre sombras e censuras. Mas, de repente, em uma esquina de Minas Gerais, dois meninos resolveram conversar com o infinito. Milton Nascimento e Lô Borges — um negro de voz celestial e um branco de tênis gastos — abriram o portão da música brasileira e deixaram o vento entrar. E desse encontro nasceu o “Clube da Esquina”, o disco que não se ouve com os ouvidos: se ouve com o peito, com a memória e com as lágrimas. Cada faixa é uma estrada que dobra o tempo. “Trem Azul” não é apenas uma canção: é um vagão de saudade cruzando o entardecer da alma. “Cravo e Canela” é o cheiro da juventude misturado com o perfume da utopia. “San Vicente” é oração e exílio, grito e abraço. E “Tudo que Você Podia Ser” é o espelho que até hoje pergunta a cada um de nós: “E você, o que...

Homenagem a Lô Borges — O Menino que Morava numa Esquina com o Infinito

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Homenagem a Lô Borges — O Menino que Morava numa Esquina com o Infinito Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE --- O Brasil amanheceu desafinado. Morreu Lô Borges, e com ele partiu um pedaço da melodia que nos fazia acreditar que o mundo podia ser bonito — mesmo quando doía. A notícia veio como acorde menor em manhã nublada: silenciosa, mas cortante. Lô não foi apenas músico; foi um tradutor de silêncios. Tinha o dom de transformar o invisível em som, a infância em harmonia, o vento em canção. Com apenas um violão, ele inventou universos. E junto de Milton, fundou um país dentro do Brasil — um território chamado Clube da Esquina, onde os acordes nasciam do chão e as palavras eram feitas de luz. O menino de tênis, tímido e genial, que parecia estar sempre de passagem, agora pegou o Trem Azul — aquele mesmo que ele ajudou a compor. Partiu como quem sabe que o destino final é uma canção sem fim. No vagão, levou os sonhos, as tardes mineiras e os amigos invisívei...

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 04 de novembro de 2025

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Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 04 de novembro de 2025 Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE --- O dia 04 de novembro acordou com cheiro de papel timbrado, café requentado e uma pontinha de esperança tentando sobreviver, como planta teimosa nascendo na fresta de um muro jurídico cheio de mofo e vaidades. O sol abriu a manhã com cara de estagiário do TJSE: iluminando pouco, mas fingindo que entendia tudo do que estava acontecendo. Logo cedo, a OAB/SE resolveu sacudir o coreto e divulgar a lista dos candidatos ao tal “Quinto Constitucional”. Parece nome de poção de Hogwarts, mas não, meu caro leitor: é apenas mais um concurso de miss toga, onde meia dúzia de nomes desfila em passarela de tapete vermelho jurídico, enquanto a plateia bate palma como se estivesse escolhendo o próximo herói nacional — e não apenas alguém para sentar-se confortavelmente numa cadeira acolchoada do Tribunal de Justiça, julgando o destino de mortais de car...

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 03 de novembro de 2025

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Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 03 de novembro de 2025 Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE --- O dia amanheceu com o rádio soluçando em dó menor. O Brasil acordou órfão de um som, de uma esquina, de um acorde que fazia a alma dançar mesmo quando a vida desafinava. Morreu Lô Borges — e com ele, uma parte do país que ainda acreditava que a poesia podia caber dentro de um violão. Belo Horizonte chorou acordes em tom de despedida; o Clube da Esquina virou cemitério de saudades. A cidade, antes feita de becos musicais, amanheceu muda — como se os sinos das igrejas tivessem esquecido a melodia da segunda-feira. Lô foi embora como quem desliga o amplificador de um tempo em que a MPB era a trilha sonora da esperança. As notas do seu violão se dispersaram pelo ar, virando vento mineiro e lembrança líquida. “O trem azul” partiu de vez, levando passageiros invisíveis — Milton, Beto, o povo e até as manhãs de domingo que nunca mais serão a...

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 02 de novembro de 2025

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Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 02 de novembro de 2025 Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE --- O dia de Finados amanheceu com cheiro de vela acesa e som de saudade em ré menor. O vento sussurrava entre as cruzes dos cemitérios de Aracaju, carregando bilhetes invisíveis que os vivos escrevem aos mortos e que o tempo, impiedoso carteiro, nunca entrega. As flores tentavam disfarçar o luto com perfume de eternidade, enquanto as lágrimas regavam memórias como quem planta lembranças em solo sagrado. Cada campa era uma janela aberta para o passado, e cada missa, um eco de amor que o tempo não conseguiu sepultar. A Arquidiocese, vestida de branco e esperança, fez do altar um abraço coletivo — porque há dores que só se aliviam quando se transformam em oração. O céu parecia ouvir cada “amém” como quem entende o idioma da saudade. E entre as preces e os passos lentos sobre o mármore, havia uma certeza: quem partiu continua morando nos cor...