Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 02 de dezembro de 2025
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 02 de dezembro de 2025
Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE
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O dia 02 de dezembro amanheceu com cara de quem tomou café com esperança, mas deixou a xícara cair no meio do caminho. Sergipe, esse coração quente do Nordeste, resolveu vestir capacete de obra e sair distribuindo promessas: o Casa Sergipana abriu inscrições como quem abre janelas em manhã de sol, dizendo que quase cinco mil famílias vão, enfim, ganhar endereço no mapa dos sonhos. As futuras casas já até suspiraram, personificadas, como se fossem abraços de tijolo esperando pessoas cansadas de apertos invisíveis. E o povo? Ah, o povo correu como quem persegue uma borboleta rara: com fé, com pressa e com aquele frio na barriga que só quem já esperou demais conhece.
Enquanto isso, lá em Brasília — esse palco onde a realidade faz cosplay de novela mexicana — o processo contra Carla Zambelli virou mais um episódio de “Quem manda, não manda nada; quem não manda, manda tudo”. O relator, Diego Garcia, apareceu dizendo que não viu provas. Talvez estivesse usando óculos emprestados de algum personagem de comédia pastelão, desses que tropeçam até na própria sombra. No grande teatro nacional, a verdade continua sendo malabarista: escapa, gira, some, reaparece… e o público, exausto, só aplaude por educação.
Mas, enquanto aqui discutimos pareceres e paredes futuras, o mundo derrama lágrimas que não cabem em nenhum noticiário. Mais de 1.300 vidas perdidas nas enchentes na Tailândia, Indonésia e Sri Lanka — como se o céu tivesse desabado, furioso, sobre quem já carregava o peso do improvável. A água, de tão cheia de dor, parece até gritar. As equipes de resgate remam contra o impossível, tentando salvar o que ainda respira, recolher o que já virou silêncio. E o planeta? Esse velho sábio cansado, olha para nós com olhos úmidos, perguntando se ainda vamos fingir que não ouvimos seu grito.
No fim das contas, o dia 02 terminou assim: entre casas prometidas, mandatos defendidos e mundos alagados. A esperança continua insistente, teimosa, quase cômica — mas ainda viva. Porque, apesar de tudo, o ser humano segue acreditando que amanhã o sol pode acordar menos irônico e mais gentil.