Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 06 de novembro de 2025
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 06 de novembro de 2025
Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE
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Cara leitor (a), comece a leitura da crônica do 6° dia de novembro com um show de notícias para você.
O dia 06 de novembro amanheceu com cara de asfalto quente e alma de engarrafamento. O sol, preguiçoso, parecia ter estacionado em fila dupla sobre a capital, enquanto os motoristas buzinavam como se quisessem acordar Deus para resolver o trânsito. A SMTT anunciou obras na Zona Sul — promessa de reestruturação asfáltica, mas o povo já sabe: quando o poder público fala em “sete a dez dias”, é melhor preparar a marmita e o rosário, porque o inferno do trânsito costuma ter prazo indeterminado.
As ruas, essas artérias entupidas de paciência humana, gemiam sob o peso dos carros, das motos, dos sonhos atrasados. O asfalto, coitado, virou palco de drama existencial — rachado, cansado e testemunha dos passos de um país que parece sempre em obras e nunca pronto.
Enquanto isso, em outro cenário, um suspeito foi preso por aplicar golpes em postos de combustíveis. O sujeito enganava bombas de gasolina — talvez o único brasileiro que conseguiu fazer o combustível render. E não é que virou herói de WhatsApp? “Se ele conseguiu enganar o sistema, merece medalha”, dizia um internauta. O brasileiro, esse alquimista do humor, transforma até crime em piada e escassez em sarcasmo.
Mas o noticiário não se contentou com o trivial. Lá em Belém, o mundo respirou entre discursos, câmeras e apertos de mão. Lula, ladeado por Macron e pelo príncipe William, falava de florestas, oceanos e esperanças recicláveis. Belém virou capital do planeta por um instante — palco de cúpulas, cúpulas de palco. Enquanto o príncipe inglês ganhava uma cartinha de um menino vestido de príncipe, a Amazônia pedia uma carta também — uma carta de amor, escrita com tinta verde e lágrimas de rio.
O pequeno William brasileiro entregou um envelope com desenho e inocência. O grande William europeu levou pra casa mais do que papel: levou o lembrete de que a realeza mora é na pureza das intenções. O menino sonhou com castelos; o príncipe, talvez, tenha sonhado com um mundo em que florestas valem mais que coroas.
E, no meio dessa ópera de contrastes, a França foi notícia por outro motivo: um homem encontrou R$ 4,3 milhões em barras de ouro e moedas enquanto cavava para construir uma piscina. Há quem procure água e ache fortuna. No Brasil, a gente cava esperança e encontra IPTU atrasado. O francês virou símbolo da ironia global — prova de que nem todo buraco é problema, alguns são destino.
Pensei comigo: se um francês acha ouro cavando o quintal, o brasileiro merece achar um milagre cavando o coração. Afinal, nosso solo está cheio de promessas enterradas — de ruas que esperam asfalto, de escolas que esperam verba, de florestas que esperam respeito.
O dia terminou como começou: poeira no ar, ironia na alma e o noticiário piscando em cores tristes e cômicas. Entre o trânsito parado, o príncipe sorridente e o ouro escondido, percebi que o Brasil é isso mesmo — um país que se equilibra entre a tragédia e a piada, a promessa e o buraco, o golpe e o abraço.
E no fim da tarde, quando o sol se recolheu atrás das nuvens de Belém e das buzinas de Aracaju, pensei que talvez a verdadeira reestruturação asfáltica que precisamos não seja nas ruas — mas nas consciências. Porque, no fundo, o que falta mesmo é um recapeamento de valores, um tapa-buraco na ética e um novo asfalto na estrada dos sonhos.