Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 05 de novembro de 2025

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 05 de novembro de 2025



Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE


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O sol de 05 de novembro acordou com olheiras, como quem passou a madrugada discutindo com a lua sobre o preço do açúcar, da gasolina e da paciência nacional. A manhã surgiu arfando, tropeçando nas manchetes como cachorro procurando o último osso da esperança enterrado no quintal do país. As notícias pularam na minha porta como vendedores de planos de internet: oferecendo caos em alta velocidade e fibra ótica de indignação.

Logo cedo, na SE-090, dois caminhões resolveram brincar de amor bandido: se encontraram de frente, sem flores, sem serenata, sem poesia — apenas lata, susto e um destino amassado como caderno de aluno que não fez a tarefa. Um terceiro caminhão, estacionado no acostamento, servia de testemunha muda — uma espécie de cupido desastrado que arma o encontro e foge da cena. A pista, que deveria ser estrada, virou metáfora do Brasil: sempre tem alguém parado no caminho, bloqueando metade do sonho e atrasando a chegada ao futuro.
O motorista ferido foi levado ao hospital pelo Samu, que, como anjos urbanos de colete fluorescente, tentam fazer milagre sem asas, apenas com sirene e coragem. O estado de saúde não foi divulgado — no Brasil, até informação anda internada.

Enquanto isso, Lula acordou com cheiro de “dia histórico”, expressão que os políticos usam como perfume barato de loja de esquina: borrifa-se muito, dura pouco, e ninguém mais distingue um aroma do outro. Mas confesso: dessa vez o perfume veio com nota de alívio. O Senado aprovou a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
O povo trabalhador, esse gladiador que luta com boletos, aluguel e inflação que sobe como pão mal amassado, finalmente ganhou um fiapo de respiro. Lula celebrou nas redes sociais como torcedor que vê gol aos 48 do segundo tempo.
— “Uma vitória da democracia e da justiça social!” — disse ele.
Vitória sim, Presidente, mas o campeonato ainda tem muito jogo, árbitro duvidoso e VAR vigiado pelo mercado financeiro.

De repente, milhões de brasileiros viram a possibilidade de sobrar uns trocados no fim do mês para comprar um pão a mais, um pastel com caldo de cana, ou quem sabe realizar o grande sonho da classe média: encher o tanque sem converter para dólar mental. Justiça tributária é poesia econômica — ainda precisa de ritmo, rima e revisão dos versos, mas é tentativa de música num país acostumado ao barulho do caixa registrando impostos como chuva de granizo no telhado.

Do outro lado do planeta, o Japão vive um filme surreal, daqueles que misturam terror com desenho animado. Ursos — sim, ursos! — estão atacando moradores como se a região tivesse virado um parque temático do apocalipse peludo. Doze mortos, mais de cem feridos e agora… militares armados com sprays, bastões, óculos, escudos e lançadores de redes.
Se Shakespeare fosse japonês, escreveria hoje “Sonho de uma Noite de Ursos”.
A cena parece videogame: soldados correndo, ursos avançando, população rezando para que o próximo capítulo não seja “Ursos pedem independência e formam república própria”. Nesse ritmo, o urso pardo vai virar animal mais temido que inflação e mosquito da dengue somados.

E se o Japão luta contra ursos, Putin brinca de Deus com a caixa de Pandora nuclear. Lá estava ele no Kremlin, distribuindo prêmios aos criadores do “torpedo do Juízo Final”. Só o nome já arrepia as sobrancelhas do mundo. Parece arma criada por roteirista de filme de fim dos tempos que tomou café forte demais.
Como se não bastasse, ele anunciou um novo míssil nuclear — provavelmente com capacidade de dar nó em maremoto, assobiar Beethoven e acionar o caos com um clique. Tudo isso enquanto Trump, do outro lado do tabuleiro geopolítico, joga sanções como se fossem dominó, batendo peças na mesa e gritando “check!” no jogo errado.
A Terra, essa adolescente cósmica de humor instável, observa seus líderes fabricando brinquedos de destruição e suspira: “Vocês não aprenderam nada com as temporadas anteriores?”

No fundo, o mundo anda como os caminhões da SE-090: batendo de frente por falta de freio, diálogo e frestas para passagem. Países estacionam no acostamento do egoísmo, fingindo que não atrapalham ninguém, enquanto as grandes potências aceleram sem mirar o retrovisor da humanidade.

Respirei. Fechei os olhos. E senti um cheiro de esperança tímida — dessas que vêm com sabor de café coado em pano e vento de interior passando pelas janelas. Porque, apesar de tudo, sempre há o Samu salvando vidas, alguém lutando por menos imposto para quem sua, soldados espantando ursos para proteger famílias e vozes tentando impedir que um míssil decida o destino de todas as manhãs.

O mundo está cansado, mas ainda pulsa.
Bate, tropeça, cai, mas insiste em se levantar com o mesmo teimoso brilho que existe no olhar de quem acredita que, apesar do caos, ainda vale a pena arrumar a cama pela manhã — porque o amanhã pode chegar com boas notícias, ou pelo menos com ursos menos mal-humorados.

E se um dia a humanidade enfim entender que estrada boa é a que cabe todo mundo, que imposto justo é poesia social e que arma nuclear não combina com futuro… aí sim poderemos escrever, sem ironia, que foi um dia verdadeiramente histórico.

Por hoje, seguimos desviando de caminhões, ursos e ogivas — com humor, poesia e a fé inabalável de quem não desiste do sol, mesmo quando ele amanhece com olheiras.

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