Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 18 de novembro de 2025
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 18 de novembro de 2025
Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE
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Acordem, caros leitores e leitoras, ajustem o cinto poético e tomem um gole de café bem quente, porque o dia 18 de novembro de 2025 amanheceu temperado com uma pitada de caos, duas colheres de susto e um punhado generoso de ironia costurada pelas mãos do destino — sempre ele, esse artesão que adora fazer crochê com nossos nervos.
Logo cedo, a Polícia Federal resolveu brincar de faxina em Itabaianinha. Uma ocupação irregular em área do Inmet virou alvo de operação, como se a terra, coitada, estivesse pedindo socorro há anos, gritando:
— Tirem esses pés de cima de mim!
E a PF, cansada de fazer ouvido de mercador, chegou chegando, chutando poeira e mandando o recado: “Casa tem dono, meu povo!”.
A cena parecia um teatro: a terra, personificada, estendendo a mão; o vento abanando o rosto indignado; e os humanos — sempre eles — comportando-se como se o mundo fosse quintal sem cerca.
Enquanto Sergipe levantava poeira com mandados de busca, Belém respirava ancestralidade. Lá na COP 30, a ministra — com voz de megafone e alma de guardiã — anunciou quatro novas terras indígenas e a demarcação de outras dez.
Os povos originários, esses verdadeiros guardiões do tempo, dançavam em silêncio com o vento amazônico, como quem diz:
— Finalmente vão devolver o que nunca foi deles.
A floresta, emocionada, derrubou até umas lágrimas verdes, porque árvore também chora quando é respeitada.
E se na Amazônia a esperança brotava como muda em solo fértil, na Patagônia o frio resolveu mostrar seus dentes afiados.
Cinco turistas — dois alemães, dois mexicanos e um britânico — perderam a vida durante uma nevasca feroz, daquelas que lembram ao ser humano que a natureza não é figurante; é protagonista.
A neblina, cruel e silenciosa, engoliu trilhas, passos e esperanças, enquanto o vento gelado sussurrava um aviso antigo como a própria Terra:
— Respeitem-me, ou eu viro página sem dó.
Há quem diga que o dia foi trágico. Eu digo que foi poético — em sua maneira torta e dramática de ensinar.
Porque a PF nos lembra que território não é brinquedo.
Os indígenas nos lembram que memória não se apaga com decreto.
E a Patagônia nos lembra que a natureza é como uma professora rígida: quando a gente erra, o castigo vem imediato.
Assim fechamos o 18 de novembro:
Entre poeira sergipana, canto indígena e neve chilena, o mundo mais uma vez nos mostrou que ele gira, mas gira com personalidade — ora suave como brisa, ora impiedoso como tempestade.
E nós?
Nós seguimos tentando acompanhar a coreografia da vida, tropeçando nas próprias pernas, mas insistindo, valentes, teimosos e humanos demais.
Porque crônica é isso: um espelho torto onde a realidade se penteia.
E hoje… ah, hoje ela acordou despenteada, irônica e cheia de lições para quem tiver coragem de ouvir.