Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 16 de novembro de 2025

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 16 de novembro de 2025



Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE


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O dia 16 de novembro abriu o jornal da vida com cheiro de ressaca — não aquela que dói a cabeça, mas a que dói a alma, quando a alegria dá tchau pela porta com purpurina nos ombros. Os foliões do Pré-Caju, coitados, pareciam continuar dançando mesmo com as pernas implorando aposentadoria. A Orla da Atalaia amanheceu suspirando, cansada, como quem diz: “Meu povo, até o vento precisa descansar… imagina eu!”

As serpentinas, personificadas, arrastavam-se pelo chão como cobras sonolentas voltando para suas tocas. O glitter — esse cidadão que nunca respeita o espaço alheio — insistia em brilhar no rosto dos sergipanos, lembrando que alegria boa é aquela que demora a ir embora. E a Orla, mãe exausta de tanta festa, abriu os braços para um abraço imaginário e murmurou:
— Pronto, acabou. Agora voltem para casa, bebam água e finjam que amanhã é segunda-feira normal.

Mas quem disse que o Brasil conhece “normal”?

Enquanto os foliões recolhiam as últimas migalhas de alegria, o país recebia outra notícia: o Enem 2026 resolveu acordar com vocação internacional. Agora não é apenas um exame; é quase um diplomata de terno azul-marinho e sotaque pedagógico, pronto para atravessar fronteiras do Mercosul como quem atravessa a sala para pedir mais café.

O ministro Camilo Santana, com cara de quem passou a madrugada virando páginas de relatórios e bebendo esperança quente, anunciou as novidades como quem revela o nome do vencedor do Oscar:
— O Enem vai substituir o Saeb!
— O Enem vai avaliar o ensino médio inteiro!
— O Enem vai até Buenos Aires, Montevidéu e Assunção!

E eu só pensei:
“Pronto. Se antes os alunos já tremiam só de ouvir a palavra ‘redação’, agora vão tremer em três países diferentes.”

Imagino os portenhos, tomando mate e perguntando:
— Che, o que é que esse tal de ‘textualidade progressiva’ que o Brasil quer que eu escreva?

Enquanto isso, o próprio Enem — personificado como um senhor sério, cheio de folhas e carimbos — deve ter olhado para as malas e dito:
— Eu só queria descansar um pouco… agora tenho que viajar o continente inteiro.

A UNILA também acordou animada, como uma prima distante que finalmente resolveu terminar a reforma do quarto de hóspedes. Suas obras retomadas, prometendo ser concluídas em 2026, parecem até metáfora pronta: a integração latino-americana se construindo tijolo por tijolo, como quem ergue uma casa para abrigar sonhos plurilíngues.

E falando em sonhos plurais, lá no Chile o cenário político resolveu brincar de montanha-russa. De um lado, Jeannette Jara, comunista com bandeira vermelha tremulando. Do outro, José Antonio Kast, ultradireitista com a bandeira quase em formato de lança. Duas pontas tão distantes que, se fossem linhas de um mapa, nem o Google Maps ousaria sugerir rota.

O Chile, coitado, deve estar no meio da praça gritando:
— Socorro! Alguém me dá um meio-termo!

Mas eleição é isso: um tango, às vezes elegante, às vezes pisando nos pés da civilização.

O dia 16 de novembro terminou assim, com o Brasil entre glitter, prova e geopolítica. Uma data solene que virou um grande mural de metáforas: o país dançando entre passado, presente e futuro como quem tenta equilibrar três pratos ao mesmo tempo — um de alegria, um de responsabilidade e outro de confusão política.

E eu, aqui de Japaratuba, observo o cenário como quem olha o mar: às vezes manso, às vezes bravo, sempre surpreendente.
O Brasil, meu caro leitor, é essa República eterna que se reinventa, tropeça, dança, se emociona, satiriza a si mesma… e no final ainda sorri, como quem diz:

— Amanhã tem mais. E vai ser outro capítulo dessa novela chamada democracia.

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