Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 28 de novembro de 2025
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 28 de novembro de 2025
Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE
Amigo leitor e amiga leitora a sexta-feira acordou em Japaratuba com cheiro de papel novo, tinta fresca e sonhos soprados pelo vento — aquele vento que passa assoviando poesia como se tivesse tomado café com Drummond. A 1ª Feira Literária abriu as portas feito uma flor teimosa no verão, derramando páginas vivas, autores sorridentes e a dança colorida dos grupos folclóricos. Era como se a cidade — esse celeiro de cultura sergipana — tivesse acordado com vontade de cantar alto, rodopiar e lembrar ao mundo que a poesia ainda respira.
No município vizinho , no Povoado Aguada, Carmópolis afinou sua própria sinfonia: o 1º Concurso de Poesia Falada. As palavras subiram no palco com a ousadia de quem veste coragem. José Edson, lá de Estância, levantou o troféu como quem ergue uma lua nova. Periclys, Rayres, Vitória e Manuela completaram o coro, e Japaratuba, vaidosa como uma mãe orgulhosa, marcou presença com três filhos premiados — uma constelação inteira de talentos piscando no céu sergipano.
Mas enquanto a poesia celebrava a vida, a realidade tratou de dar seus tropeços coreografados.
Em Aracaju, a Black Friday transformou o comércio num formigueiro elétrico: gente correndo, carrinhos voando, etiquetas gritando descontos que mais pareciam poemas de mentira — “leve três, pague dois, a sanidade vai de brinde!”. Até o vento entrou na promoção, soprando fila para dentro das lojas.
Já a CGU e a PF, sempre com suas lanternas de detetive, descobriram um teatro digno de prêmio: fotos falsas para “provar” obras inexistentes. Obras que só existiam no reino encantado das notas frias e dos bolsos quentes. R$ 20 milhões evaporaram como água em tacho quente — e o Dnocs, coitado, piscava perdido, sem saber se fiscalizava, rezava ou procurava um óculos novo. Brasil sendo Brasil, com sua habilidade rara de transformar corrupção em episódio semanal.
E lá longe, na Ucrânia, o chefe de gabinete de Zelensky renunciou, carregando consigo o peso de uma guerra que insiste em morder o mundo todos os dias. A paz, coitada, continua pedindo carona nas fronteiras, enquanto os líderes trocam cargos como quem troca peças de um tabuleiro cansado.
No fim, meu amigo leitor, o dia 28 de novembro brilhou como uma vitrine de contradições:
de um lado, poesia premiando o que há de mais humano;
do outro, a política lembrando o quanto ainda precisamos aprender com a própria poesia.
E eu, aqui de Japaratuba, fecho esta crônica com a sensação de que, se o mundo aprendesse a rimar melhor, talvez sobrasse menos espaço para os desencontros.
Porque, no fundo, a vida é isso: uma feira literária lutando para não ser engolida pelas manchetes.
E que vençamos — sempre — pelas palavras.