Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 13 de novembro de 2025
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 13 de novembro de 2025
Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE
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Caro leitor (a) sente-se e comece a leitura da crônica. O dia 13 de novembro amanheceu com um gosto agridoce de café queimado e esperança morna. A manhã veio arfando, cansada, como quem passou a madrugada inteira assistindo ao noticiário e jurou que nunca mais faria isso… até fazer de novo.
Logo cedo, o Brasil recebeu uma visita indesejada: a Operação Sem Desconto, daquelas que chegam sem bater na porta, puxam a cadeira, tomam o seu café e ainda perguntam: “Cadê o dinheiro que estava aqui?” Mandados da PF se espalharam pelo mapa como tinta derramada, tingindo estados de norte a sul: Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Tocantins, Distrito Federal e Sergipe — ah, Sergipe, esse pedacinho arretado de chão que sempre tenta ficar fora das confusões, mas que de vez em quando é puxado para o meio do teatro. No palco, a suspeita de fraude no INSS dançava um tango desengonçado, enquanto a aposentadoria do povo, coitada, pedia socorro com voz rouca.
A verdade é que o Brasil vive numa montanha-russa onde ninguém usou cinto, e a cada curva aparece um novo escândalo com cara de palhaço triste. O pobre INSS, já manco, recebeu mais um tapa no orgulho: “fraude”, sussurram os corredores — e o país inteiro sente o eco desse sussurro nas costas, como vento frio de inverno.
Enquanto isso, em Fortaleza, um incêndio no hospital resolveu brincar de antagonista. O fogo nasceu atrevido, lá na subestação, como uma faísca metida a besta que achou que podia virar manchete. Mas as equipes chegaram rápido, apagaram as chamas e salvaram bebês em incubadoras — pequenos sóis ainda em formação, frágeis constelações humanas sendo carregadas nos braços como poemas vivos. Não houve feridos, graças a Deus. Mas a imagem das chamas se debatendo contra o vento parecia gritar: “Cuidem da vida, ela é de vidro!”
A humanidade respirou aliviada, mas com um nó no peito. Porque quando um hospital arde, não queima só concreto — queimam medos, queimam possibilidades, queimam as camisas de força invisíveis que vestimos no dia a dia para fingir que está tudo sob controle. E nunca está.
Do outro lado do planeta, o Irã enfrentava sua própria epopeia trágica. Uma seca histórica, daquelas que racham o chão e o coração ao mesmo tempo, ameaça deixar milhões sem água. O regime cogita evacuar Teerã, como quem pensa em abandonar uma casa onde todas as paredes choram.
A água, personificada, parecia andar pela região com um vestido esfiapado, exausta de tanta negligência. “Eu avisei”, ela diria, se tivesse voz. Mas a humanidade insiste em tratá-la como um recurso infinito — até que ela vire miragem. Lá, os reservatórios agonizam; cá, torcemos para que a ignorância humana não consiga, mais uma vez, afundar o barco da civilização.
O planeta, cansado, joga indiretas que ninguém responde. Parece até relacionamento tóxico.
E como se o mundo tivesse entrado num concurso de absurdos, a Alemanha decidiu ressuscitar o alistamento militar obrigatório. Não aquele serviço militar de antigamente, que fazia o jovem acordar cedo e marchar até descobrir que a vida adulta é bem pior que qualquer quartel. Agora é algo maior: o governo quer ampliar para 260 mil soldados na ativa e construir um exército de reservistas que daria inveja a qualquer filme de guerra.
Tudo isso para estar prontinha, segundo o Ministro da Defesa, para uma possível guerra até 2029. O calendário até engasgou ao ouvir isso. O relógio bateu as horas com espanto. A paz, essa senhora elegante, levantou-se da cadeira e começou a arrumar a bolsa, desconfiada de que será expulsa do salão.
É o mundo deixando claro que perdeu a paciência com o equilíbrio. A humanidade, minha gente, está brincando perigosamente de dominó com barris de pólvora.
E no meio disso tudo, nós — eu, você, o povo — seguimos tentando viver. O dia 13 de novembro foi um mosaico de notícias que parecem capítulos de um livro de ficção distópica escrito por alguém com senso de humor duvidoso.
Mas no fim, entre uma chama apagada, um reservatório seco e um exército em expansão, resta a pergunta:
quando é que o mundo vai aprender que viver não é sobre se preparar para a guerra, mas sim impedir que ela aconteça?
Até lá, seguimos — professores, cidadãos, sonhadores — firmes, mesmo quando tudo ao redor insiste em desandar.
Porque escrever sobre o mundo, meu amigo, é tentar arrumar a sala mesmo sabendo que o vento gosta de bagunça.