Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 04 de novembro de 2025

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 04 de novembro de 2025



Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE


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O dia 04 de novembro acordou com cheiro de papel timbrado, café requentado e uma pontinha de esperança tentando sobreviver, como planta teimosa nascendo na fresta de um muro jurídico cheio de mofo e vaidades. O sol abriu a manhã com cara de estagiário do TJSE: iluminando pouco, mas fingindo que entendia tudo do que estava acontecendo.

Logo cedo, a OAB/SE resolveu sacudir o coreto e divulgar a lista dos candidatos ao tal “Quinto Constitucional”. Parece nome de poção de Hogwarts, mas não, meu caro leitor: é apenas mais um concurso de miss toga, onde meia dúzia de nomes desfila em passarela de tapete vermelho jurídico, enquanto a plateia bate palma como se estivesse escolhendo o próximo herói nacional — e não apenas alguém para sentar-se confortavelmente numa cadeira acolchoada do Tribunal de Justiça, julgando o destino de mortais de carne, osso e boletos.

Eu, que sou mero professor de humanas — esse ser imaginário que alguns políticos acham que vive de vento e giz — fiquei pensando:
Será que para entrar no TJ agora precisa ter habilidade de malabarista emocional? Saber equilibrar Constituição, interesses e selfies com autoridades? Ah, o Quinto Constitucional, essa jabuticaba jurídica pendurada na árvore do Brasil, adoçada por influências e regada a conchavos. Se fosse fruta, já teria virado suco com sabor de “jeitinho”.

Enquanto Sergipe discutia quem vai vestir a capa de desembargador, o Brasil resolveu fazer faxina de presídio. A Justiça autorizou a transferência de presos de facções do Rio para presídios federais. Visualize a cena:
Os chefões do crime, acostumados a mandar mais que síndico de condomínio de luxo, tomando chá de cadeira para embarcar numa viagem sem milhas acumuladas. Um “Bem-vindos ao Turismo Carcerário Federal!” com direito a vista para muralhas, brisa gelada da madrugada e cardápio que não inclui churrasco liberado no feriadão.

Pena que, no Brasil, bandido de alta periculosidade viaja mais que professor em congresso acadêmico — e sem precisar pagar inscrição.

Mas não paramos por aí. Do outro lado do mapa, Nova York viveu seu próprio terremoto político. Mamdani, aos 34 anos, resolveu virar o tabuleiro e ganhou a prefeitura como quem vence partida de xadrez contra robô: com estratégia, ousadia e um toque de insolência bem temperada.

Analistas juraram que era esperado — como se tivessem bola de cristal recarregável no USB — mas agora os republicanos vão ter que refazer seus discursos reciclados. O jogo político mudou de lógica, disseram.
Será?
Ou será que só trocaram a capa do mesmo livro cheio de promessas vencidas?

Imagino os partidos americanos correndo pelos corredores como alunos que esqueceram o dever de casa, tentando reinventar um discurso que não comece com “America First” nem termine com “God Bless”. Talvez precisem aprender com o Brasil a arte milenar do plano de governo que cabe num meme.

E entre listas sêxtuplas, presídios federais e eleições gringas, o dia terminou com a sensação de que o mundo é um grande teatro, mas o roteiro anda mal ensaiado. A plateia — nós, mortais espectadores — fica ali, comendo pipoca murcha, tentando entender quem é mocinho, quem é vilão e se existe alguém no controle do cenário… ou se a luz do palco já queimou e ninguém avisou ao diretor.

No fundo, querido leitor, a vida pública é como novela mexicana transmitida em TV de tubo: cheia de reviravoltas, gritos dramáticos, crise de identidade e capítulos que acabam bem na hora do “meu Deus!”. E nós? Continuamos assistindo, porque acreditar na mudança é o tempero que impede nossa esperança de azedar.

Que o 04 de novembro seja lembrado como o dia em que um desembargador começou a ser escolhido, presos fizeram as malas e Nova York trocou de protagonista — mas que, principalmente, seja o dia em que você percebeu que a justiça, a política e a sociedade só mudam quando nós paramos de assistir e começamos a dirigir o espetáculo.

Porque, no teatro da vida, ou a gente assume o papel principal…
Ou vira figurante carregando cenário.

E eu, de Japaratuba, sigo aqui — com meu giz, meu café e minha ousadia — insistindo em acreditar que ainda dá para reescrever esse roteiro.
Nem que seja na base da crônica, da ironia e de um leitor teimoso como você, que insiste em não desistir.


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