Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 14 de novembro de 2025
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 14 de novembro de 2025
Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE
A crônica do dia 14 de novembro desfila em páginas de algumas notícias com um cheiro estranho no ar — uma mistura de café requentado, esperança morna e… whisky falsificado. O vento, fofoqueiro como sempre, trouxe na ponta das folhas o sussurro de que mais de 200 garrafas de bebidas apreendidas na Grande Aracaju estavam adulteradas. Ah, Aracaju, minha flor de sal no litoral sergipano, dessa vez te ofereceram uma poção mais bruxa que bar: whisky com alma de etanol, gin com perfume de posto de gasolina e vodka com espírito de fogão a lenha.
A Polícia Científica, com aquela cara de quem já viu de tudo — inclusive gente que acha que bebida barata “é só promoção” — alertou:
“Abram os olhos no Pré-Caju!”
E eu digo: abram mesmo, meu povo! Porque se tem uma coisa que a vida ensinou é que bebida que brilha demais pode ser glitter… ou gasolina. E se o Pré-Caju é sinônimo de alegria, música alta e suor democrático, ninguém merece terminar a festa com o fígado cantando “Asa Branca” desafinado.
As garrafas adulteradas, coitadas, até tentaram disfarçar. Vestiram rótulos elegantes, posaram de importadas, mas era só esbarrar nelas e dava para ouvir o suspiro:
“Eu queria ser Jameson, mas a vida me fez álcool de limpeza.”
Enquanto isso, lá do outro lado do mapa — aquele onde as decisões parecem sair de uma roleta girada por investidores com café gelado — os Estados Unidos resolveram reduzir tarifas para produtos brasileiros. Café, carne, banana, açaí… quase pareceu um gesto de carinho, um cartão postal dizendo:
“Brasil, desculpa por atualizações anteriores, segue alguma boa vontade.”
Mas a ironia, essa senhora elegante e debochada, levantou a sobrancelha:
“Reduziram 10%, mas não tocaram no tarifaço de 40%.”
E o Brasil comemorou, claro. Porque brasileiro comemora tudo: gol aos 49 do segundo tempo, queda de juros, fila pequena no banco e até desconto meia-boca em tarifa internacional. Estamos sempre prontos para dançar conforme a música — mesmo quando o DJ troca o piseiro por marcha fúnebre sem nos avisar.
Falando em fúnebre, lá nos EUA aconteceu uma história que parece saída de série: Tremane Wood, detento de 46 anos, recebeu indulto minutos antes da execução. Imagine a cena: o homem já tinha feito sua última refeição — o “menu da despedida” — quando batem na porta e dizem:
“Rapaz… cancela tudo. Vai viver, viu?”
A alma deve ter dado um pulo que nem cama elástica sustenta.
A morte, coitada, ficou parada no corredor, segurando uma prancheta de agendamento, perguntando ao relógio:
“E agora? Perdi a viagem?”
A vida, por sua vez, entrou de braços abertos dizendo:
“Voltei antes do intervalo. Me esperou?”
É dessas histórias que fazem o coração lembrar que milagre existe, mesmo quando atrasado. E que, no fundo, viver é um presente frágil, daqueles que vêm embrulhados em silêncio e podem ser perdidos num tropeço.
E assim fechamos o dia, meu caro leitor, minha cara leitora — esse 14 de novembro que nos serviu um coquetel de realidades: bebida adulterada, tarifa meia-sola e morte que perdeu o ônibus.
Um dia que ensinou, com metáforas líquidas, geopolíticas e existenciais, que:
— no Pré-Caju, cuidado com copos suspeitos;
— no comércio internacional, nem todo desconto é abraço;
— na vida, o fim pode ser adiado quando menos se espera.
E eu, daqui de Japaratuba, fico pensando que o mundo é mesmo um grande boteco filosófico: uns alteram garrafas, outros alteram tarifas, outros alteram destinos.
E nós?
Nós seguimos brindando — com moderação, com atenção, e, se possível, com bebida verdadeira.
Porque a vida já é complicada demais para ser bebida com gosto de álcool de posto.