Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 15 de novembro de 2025

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 15 de novembro de 2025



Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE


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O dia da Proclamação da República amanheceu com aquele ar solene de feriado histórico… mas, como bom brasileiro, logo tirou o paletó da formalidade, vestiu um abadá imaginário e saiu rodopiando pela Orla da Atalaia como se tivesse acabado de nascer no ritmo do Pré-Caju. Afinal, se o Brasil foi proclamado República num 15 de novembro, também foi proclamado folião – e disso ninguém pode duvidar.

A Orla, coitada, amanheceu tímida, mas em poucos minutos virou maré humana em ressaca festiva, um oceano de glitter, sorrisos plastificados e promessas que só duram até o trio elétrico passar. Os foliões personificados – aqueles seres metade gente, metade serpentina – pareciam sussurrar para o vento: “República? Só se for a da alegria!”. E o vento, malandro, respondia: “Pois então danem-se nos meus ombros, que hoje eu sopro confete e esqueço do preço do pão!”.

Enquanto isso, longe do Pré - Caju, um outro grupo também comemorava – mas em silêncio, no conforto de um extrato bancário: o lote extra do PIS/Pasep chegou como chuva fininha em seca braba. 152,4 mil brasileiros acordaram com o coração palpitando no mesmo tom do réveillon financeiro:
— “Será que caiu? Será que é meu?”
A Carteira de Trabalho Digital virou oráculo moderno, consultada com a mesma fé que, antigamente, se tinha no padre e na benzedeira. Porque dinheiro caindo em novembro tem gosto de misericórdia divina: compra o gás, ajeita o armário e quem sabe até paga a prestação atrasada do sofá que a chuva levou.

Mas o feriado não seria feriado brasileiro sem uma pitada de tragicomédia política, nosso tempero favorito. Lá em Brasília, o Supremo resolveu esfregar um pouquinho de realidade constitucional no roteiro da família mais comentada do país. Por unanimidade – e com a elegância de quem afiou a caneta no sarcasmo jurídico – o STF decidiu tornar Eduardo Bolsonaro réu por tentativa de coação.
Sim, o filho do ex-presidente resolveu pressionar o Supremo como quem empurra porta de vidro achando que é automática. Saiu com o nariz machucado e agora com processo na conta. A República, se pudesse falar, teria dito: “Ah, meu filho… proclamada eu fui, mas palhaça eu não sou.”

No outro lado do continente, a Argentina ferveu – literalmente. Uma explosão industrial em Ezeiza desenhou no céu um cogumelo de fogo de 20 metros, como se o próprio dia tivesse decidido abrir os braços e gritar: “¡Che, basta!”. Bombeiros, helicópteros, sirenes – parecia cena de filme, mas era vida real, ardendo como panela esquecida no fogo.
A tragédia argentina lançou seu grito metálico sobre a América do Sul, lembrando que o continente, cansado, anda tropeçando nas próprias engrenagens industriais. O fogo, personificado, parecia berrar:
— “Vocês brincaram demais com fósforos! Agora apaguem-me, se forem capazes!”.

E assim seguiu o 15 de novembro de 2025, esse dia que mistura história, política, festa, suor, fogo, dinheiro e esperanças quebradas – um caldeirão emocional digno de novela das oito escrita por Machado de Assis depois de tomar café com Ariano Suassuna.

A República, aniversariante do dia, talvez tenha soprado suas velinhas pensando:
— “Ainda estou aqui… capenga, tropeçando, descabelada… mas viva.”
E nós, brasileiros que a carregamos como quem leva um vaso delicado numa estrada esburacada, seguimos caminhando, rindo para não chorar, dançando para não desistir, ironizando para não enlouquecer.

Porque ser brasileiro, meu caro leitor, é isso:
um eterno Pré-Caju entre a esperança e o caos.

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