Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 03 de fevereiro de 2025
Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 03 de fevereiro de 2025
Pirâmides, Tubarões e Discursos: Um Dia na Selva do Mundo
Por Antônio Glauber Santana Ferreira - Japaratuba-SE
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O dia amanheceu com um céu carregado de metáforas e chuvas moderadas de ironia. A política brasileira, esse eterno geoglifo indecifrável, continua cavando suas pirâmides discursivas, enquanto no Peru uma civilização antiga nos lembra que talvez o passado soubesse mais do futuro do que imaginamos.
No plenário sergipano, o governador Fábio Mitidieri subiu ao altar da Assembleia Legislativa para seu sermão inaugural de 2025. Pintou um mural de avanços, um frescor de realizações e, como sempre, esqueceu os tons mais sombrios da tela. Discursos políticos são como pirâmides: vistos de longe, parecem sólidos e imponentes, mas ao se chegar perto, percebe-se que muitos degraus estão corroídos pelo tempo e pelas promessas evaporadas.
A história, no entanto, decidiu dar um respiro de justiça. Após quase duas décadas, uma mulher voltou a comandar o Tribunal de Justiça de Sergipe. Seria um novo capítulo ou apenas a troca de protagonistas em uma peça antiga? Quem sabe. O tempo dirá se esse é um obelisco da renovação ou apenas mais uma esfinge de papel.
Enquanto isso, no Hospital Nestor Piva, uma nova administração chega para vistoriar os corredores onde a saúde pública oscila entre esperança e desespero. O Conselho Municipal de Saúde já afia suas perguntas: e os funcionários? Continuarão ou serão varridos como poeira de um templo antigo? A resposta, como sempre, será empurrada para um amanhã que nunca chega.
Do outro lado do país, Alcolumbre corre para Lula com um pergaminho cheio de pedidos. Quer petróleo da foz do Amazonas , quer exploração, quer cifras no balanço. O Ibama, sentado sobre um mapa de licenças, hesita. De um lado, o progresso; do outro, a natureza, sempre a vítima mais silenciosa desse jogo de interesses.
Enquanto isso, no tabuleiro eleitoral, Lula segue como o faraó imbatível das pesquisas. Seus opositores tentam escalar essa pirâmide, mas acabam engolidos pelas areias movediças de seus próprios discursos. Tarcísio, Bolsonaro, Marçal, Gusttavo Lima (sim, até o cantor entrou na dança), todos eles buscam seu espaço ao sol, mas a esfinge do povo segue indecifrável.
Longe do burburinho político, na Escócia, surge uma nova polêmica. Gatos. Sim, os bichanos agora são acusados de ameaçar a fauna. Alguns especialistas sugerem controlá-los, mas a ideia soa tão absurda que o governo escocês logo trata de desmentir. Afinal, proibir gatos é tão impossível quanto proibir o vento de soprar.
No México, a violência mostrou seus dentes. Um aeroporto fechou as portas após a prisão de um chefão do crime. O tráfico, essa sombra onipresente, segue ditando suas regras, enquanto o governo tenta apagar incêndios com baldes furados.
E como se o dia já não tivesse tragédias suficientes, na Austrália, um tubarão levou a vida de uma jovem surfista. O mar, esse deus imprevisível, de tempos em tempos nos lembra que ainda estamos sujeitos às suas leis.
No Uruguai, Pepe Mujica, o eterno sábio da América Latina, recebeu o presidente chileno e plantou uma árvore. Simbólico. Enquanto muitos erguem muros e cavam trincheiras, Mujica prefere semear esperança, mesmo sabendo que o tempo, esse agricultor impiedoso, já lhe impôs um destino inescapável.
Por fim, no Oriente Médio, Hamas e Israel ensaiam uma nova trégua. Mas será mesmo uma trégua ou apenas mais um breve silêncio antes do próximo rugido da guerra? O mundo gira, as pirâmides permanecem, mas a humanidade parece condenada a repetir suas tragédias, sempre achando que está construindo algo novo.
E assim termina mais um dia, onde os discursos são recicláveis, as promessas são biodegradáveis e a realidade, essa sim, é dura como pedra, fria como chumbo e implacável como o tempo.
