Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 17 de novembro de 2024
Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 17 de novembro de 2024
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Por Antônio Glauber Santana Ferreira - Japaratuba-SE
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Hoje, a noite de domingo nos trouxe uma notícia com um gosto amargo, daqueles que a gente não quer sentir nem em sonho. Uma colisão cruel, no coração da entrada de Pirambu, levou a vida de Carla da Conceição, minha ex-aluna, uma flor que ainda estava desabrochando no jardim da existência. A vida lhe tirou o perfume cedo demais. Seu esposo, também meu ex-aluno, segue lutando no hospital, com as pernas quebradas e o espírito em pedaços. Que ironia, não? A juventude que deveria acelerar para o futuro acaba freada pela brutalidade das estradas. A família de Carla, meus mais profundos sentimentos. Que Deus a acolha com o abraço que a vida falhou em proteger.
Enquanto isso, no grande teatro das potências globais, lá estava o nosso "artista principal", o Presidente Lula, tentando convencer os donos do mundo que a Terra, nossa única casa, está em combustão lenta. Lá do alto, entre taças de vinho e promessas vazias, ele falou de taxar os super-ricos em 2%. Uma moeda de dois centavos para quem carrega cofres transbordando, como se fossem aqueles porquinhos de cerâmica que quebrávamos na infância. Será que um bilionário sentiria falta de 2% de sua fortuna? Ou seria como tirar uma pena do rabo de um pavão? Ah, Lula, você luta bravamente, mas tenta ensinar ética a quem se acostumou a engordar o porquinho às custas da fome alheia.
Falando em fome, o Brasil lança uma Aliança Global contra a Fome, como se fosse um grande banquete onde só os poderosos são convidados. A fome, meus amigos, essa vilã sem rosto, ronda os lares de 733,4 milhões de pessoas. E nós aqui, celebrando a criação de mais uma sede, desta vez na Itália. Será que a fome sabe ler comunicados oficiais? Será que ela espera pacientemente os protocolos diplomáticos serem assinados? Enquanto os burocratas ajustam gravatas e distribuem tapinhas nas costas, o estômago de uma criança ronca como um trovão distante.
E por falar em tempestade, lá do outro lado do mundo, Biden, em plena Amazônia, anunciou um aporte de US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia. Um legado "forte" para Trump, disse ele. Deixa-me entender: um bilhete de despedida para um rival político, usando nossa floresta como papel de carta? Ah, Biden, quem sabe esse dinheiro não é uma esmola para comprar indulgência pelos danos de uma civilização que se recusa a desacelerar?
Mas é no cenário geopolítico que as cartas se embaralham de forma mais traiçoeira. Biden deu sinal verde para a Ucrânia usar mísseis de longo alcance contra a Rússia. É como um carteiro entregando um pacote cheio de dinamite, desejando um bom dia. O relógio da guerra está sempre correndo, e não é um relógio de ouro como aquele leiloado por 2 milhões de dólares, que um dia esteve no pulso do capitão do Carpathia. Esse sim, um herói que salvou vidas em meio ao gelo mortal do Atlântico. Que ironia... Hoje, usamos o ouro para financiar bombas, enquanto o relógio da paz permanece parado, enferrujado pelo ódio e pela ganância.
E enquanto os líderes do G20 debatem se devem tributar os bilionários ou como maquiar suas políticas ambientais, eu penso em Carla. Ela que não precisou de cúpula internacional para entender o valor da vida. Ela, que, num segundo, foi arrancada de nosso convívio por uma estrada cruel. Uma estrada que é reflexo de um país onde a infraestrutura é sempre uma promessa esquecida.
A verdade é que, enquanto eles discutem em mesas de mármore, nós enterramos nossos mortos em solo de terra batida. Enquanto os ricos fazem caridade em jantares luxuosos, nossas Carlas, nossas jovens promessas, são ceifadas sem cerimônia. E assim, seguimos, neste teatro tragicômico onde as cortinas são pesadas demais para o povo, mas leves como plumas para os poderosos.
Ah, Carla, que a sua luz brilhe em um céu onde não há acidentes, onde as estradas são seguras e onde o amor é a única lei.
Que Deus, em sua infinita bondade, te receba com um abraço caloroso, enquanto nós, cá embaixo, tentamos entender o roteiro dessa peça que insiste em nos pregar peças.