Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 19 de novembro de 2024
Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 19 de novembro de 2024
___________________
Por Antônio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
_________________
No grande palco da vida, onde o Brasil sempre é protagonista de dramas e tragédias, o dia 19 de novembro de 2024 foi um espetáculo que mesclou as máscaras da comédia e da tragédia, tudo sob a direção impiedosa da realidade.
Na Escola Municipal Professor Emiliano Nunes de Moura em Japaratuba, a comunidade escolar ( Alunos(as) , Professores (as) , gestores pintaram o dia com as cores da resistência, discutindo racismo e resgatando raízes. Foi como um samba em homenagem a Zumbi, um grito que ecoou na história e no coração de Japaratuba. Enquanto isso, no tablado da Justiça, Danniel Alves Costa subiu ao palco como presidente reeleito da OAB Sergipe, mas o espetáculo jurídico não teve espaço para comemoração, pois, nos bastidores da saúde, uma jovem médica caiu no sono eterno durante o plantão, lembrando-nos que a vida, em sua corrida desenfreada, nem sempre oferece descanso aos que mais se dedicam.
E por falar em corrida, na Zona Sul de Aracaju, seis carros decidiram brincar de carrinho de choque. Um motorista, vencido por sua própria pressão arterial, virou marionete da gravidade, enquanto três feridos e incontáveis engarrafados lamentavam o caos urbano. Mais ao norte, no Sertão, um pequeno anjo de dois anos despediu-se precocemente deste plano, caindo numa cisterna que não deveria existir. A cisterna, metáfora da negligência, tragou mais uma vida inocente, deixando um vazio que nem os poetas conseguem preencher.
Enquanto isso, no teatro político, Lula recebia Xi Jinping no Palácio da Alvorada, como quem organiza um jantar entre titãs do G20. Na pauta, acordos, diplomacias e um mercado de carbono que promete regular o ar que respiramos, como se fosse possível calcular em cifrões o preço de um futuro viável. Pelo menos, a Câmara acertou em cheio ao aprovar cotas ampliadas para negros, indígenas e quilombolas. Uma vitória tardia, mas ainda assim, uma fagulha de esperança no cenário de um Brasil que luta para se encontrar.
E por falar em lutas, a Operação Contragolpe trouxe um roteiro digno de filme de ação. Planos macabros de assassinatos, ex-presidentes envolvidos, generais no epicentro de conspirações e uma Polícia Federal que, desta vez, parece mais ágil que em roteiros anteriores. A narrativa envolve até um plano terrorista impresso – como se a tinta pudesse apagar a ética. O Brasil, mais uma vez, se destaca como uma obra de ficção cujo gênero nunca é definido.
Enquanto isso, do outro lado do mundo, a Rússia revia sua doutrina nuclear, ampliando os limites do apocalipse. É como se o Kremlin estivesse escrevendo um manual de instruções para o fim do mundo, enquanto o resto do planeta assistia com um misto de espanto e impotência.
E assim o dia 19 de novembro desceu as cortinas, um ato final carregado de metáforas e ironias. É o Brasil de sempre: uma ópera bufa onde a esperança, teimosa, insiste em não abandonar o palco. Afinal, como disse um poeta perdido no tempo: "Mesmo nos becos mais escuros, há sempre um raio de luz." Que saibamos encontrá-lo.